
Se tem uma coisa que a gente já aprendeu ao longo dos anos, é que “Street Fighter” não é só uma franquia de jogos de luta – é um fenômeno cultural. Desde os fliperamas dos anos 90 até os torneios internacionais de eSports, a série da Capcom conquistou gerações inteiras. Mas, entre os altos e baixos das adaptações, existe uma joia obscura que poucos conhecem: “Street Fighter: Gadujaengpaejeon”, a primeira versão live-action do game, lançada na Coreia do Sul em 1992.
Se você acha que Hollywood fez um trabalho duvidoso com “Street Fighter: A Lenda de Chun-Li”, espera só até conhecer essa produção que mistura um enredo pós-apocalíptico, efeitos visuais questionáveis e um elenco de lutadores que parecem saídos de um show de variedades barato. Preparado para essa viagem?
O Contexto: Quando Street Fighter Dominou a Coreia

No início dos anos 90, “Street Fighter II” era uma febre mundial. O jogo reinava absoluto nos fliperamas e, na Coreia, a paixão pela franquia foi tão intensa que inspirou várias produções “alternativas”. O país já havia abraçado a cultura dos jogos eletrônicos, algo que mais tarde veríamos com StarCraft, e Street Fighter não foi exceção.

Foi nessa onda que surgiu “Street Fighter: Gadujaengpaejeon”, uma série live-action baseada não no jogo, mas em um mangá coreano publicado na revista “Cheonha Manhwa”. O mangá, criado por Lee Jung-heung e Heo Gyeong-sim, tinha uma abordagem totalmente diferente da franquia da Capcom, e o resultado foi… no mínimo, curioso.
A Trama: Um Street Fighter Pós-Apocalíptico (???!)
Esqueça torneios globais de artes marciais e duelos clássicos entre Ryu e Ken. Em “Gadujaengpaejeon”, o mundo foi devastado por uma Terceira Guerra Mundial em 2010 (sim, o futuro já virou passado), e as armas foram proibidas. Agora, em 2020, os sobreviventes são divididos em três grupos: os fortes, os fracos e os subterrâneos.
Nesse cenário, surge um líder tirânico chamado Comandante Bison (ou melhor, “Vinson”, já que os direitos autorais mandam lembranças), que organiza um torneio mortal onde o vencedor ganha acesso à misteriosa “Cidade dos Sonhos”.
E é assim que nossos “heróis” entram na briga, tentando sobreviver e, quem sabe, sair desse pesadelo distópico. Sim, é estranho. Sim, não faz o menor sentido. Mas espere, porque fica ainda melhor!
O Elenco e os “Efeitos Especiais” – Um Show à Parte
Se o enredo já era bizarro, a produção não fica atrás. Como a série foi feita com um orçamento digno de um troco de lanche, os efeitos especiais são… criativos, digamos assim.

- Hadouken de extintor de incêndio – Sim, o icônico golpe de Ryu foi recriado usando um extintor de incêndio comum, com um jato de pó branco saindo das mãos do lutador.
- Honda com mãos invisíveis – Para representar a velocidade absurda dos golpes de E. Honda, simplesmente não filmaram suas mãos, deixando apenas o som das pancadas.
- Dhalsim com braços de borracha – O mestre do Yoga, conhecido por seus golpes elásticos, aparece com próteses de borracha que são esticadas manualmente fora da tela.
E as locações? Bem… Se você esperava cenários épicos, pode esquecer. As lutas acontecem em canteiros de obras, ruas comuns e até dentro de uma loja da LG (!) que milagrosamente sobreviveu ao apocalipse nuclear.
Os Nomes Alternativos – Para Evitar Processos, Claro
Como a produção não tinha autorização oficial da Capcom, os personagens tiveram seus nomes levemente alterados para evitar problemas. Eis algumas das pérolas:
- Guile virou “Gyuri”
- Sagat virou “Ssangat”
- Dhalsim virou “Dalaisin”
- M. Bison virou “Vinson”

E, como se isso não bastasse, três atores diferentes interpretaram Sagat ao longo da série, enquanto o personagem Gyuri (Guile) teve um novo ator após o episódio 5. Se isso não grita “produção caótica”, nada mais grita!
O Fim Prematuro: O Que Aconteceu com Gadujaengpaejeon?
Apesar de todas essas peculiaridades, a série até que durou 16 episódios. No entanto, a produtora Seoul Film Production Co. acabou falindo antes de concluir a história, encerrando Gadujaengpaejeon de forma abrupta.
Se por um lado é fácil rir das limitações e das decisões criativas duvidosas, por outro, há algo quase admirável nessa tentativa de transformar Street Fighter em uma saga live-action épica – mesmo que tenha sido um desastre absoluto.
Vale a Pena Assistir?
Se você é fã de adaptações toscas e gosta de coisas “tão ruins que são boas”, “Gadujaengpaejeon” é um prato cheio. Não espere algo no nível de produções de Hollywood – na verdade, não espere nada minimamente razoável. Mas se a ideia de ver Ryu e Ken trabalhando na construção civil ou um Hadouken improvisado com um extintor te diverte, vale a experiência.
Talvez a maior lição dessa adaptação seja justamente essa: nem sempre é preciso um grande orçamento para criar algo inesquecível. Às vezes, basta criatividade (ou a total falta dela), um elenco esforçado e um grande amor por videogames para produzir algo que, de um jeito ou de outro, entrará para a história.
Se tiver coragem, você pode assistir aqui. Com tradução!
Uma Relíquia para os Amantes do Bizarro
“Street Fighter: Gadujaengpaejeon” pode não ser a adaptação que os fãs da franquia queriam, mas com certeza é a adaptação que ninguém esperava. No final das contas, esse live-action coreano é um exemplo perfeito do fascínio das produções obscuras e bizarras dos anos 90.
Se você curte pérolas esquecidas e adaptações duvidosas, essa série merece um espaço na sua lista. Quem sabe um dia ela não ganha o status cult que tanto merece?
Fonte: https://pennyway.net/1079