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O TurboGrafx-16: O Console que Encantou o Mundo, mas Deixou o Brasil de Fora

Nos anos 80 e 90, o mundo dos videogames testemunhou uma guerra feroz entre gigantes da indústria, como Nintendo e Sega. No entanto, outro console, o TurboGrafx-16, também conhecido como PC Engine no Japão, surgiu como um concorrente respeitável. Com seus gráficos avançados e uma biblioteca de jogos impressionante, o TurboGrafx-16 ganhou seu espaço no coração dos jogadores, mas deixou muitos se perguntando por que nunca chegou ao Brasil. Neste artigo, exploraremos a história do TurboGrafx-16 e os motivos por trás de sua ausência no mercado brasileiro.

O TurboGrafx-16: Uma Breve Visão Geral

O TurboGrafx-16, desenvolvido pela NEC Home Electronics e Hudson Soft, foi lançado em 1987 no Japão como PC Engine e em 1989 nos Estados Unidos como TurboGrafx-16. Foi um console de quarta geração que se destacou por várias razões. Uma delas foi a sua capacidade de exibir até 482 cores na tela simultaneamente, um feito impressionante para a época. Além disso, o console utilizava cartões de jogos, chamados de “HuCards,” em vez de cartuchos tradicionais, o que permitia que os jogos fossem mais compactos e acessíveis.

O TurboGrafx-16 também foi um dos pioneiros na introdução de jogos em CD, com o lançamento do CD-ROM², um periférico que permitia uma capacidade de armazenamento muito maior e músicas de alta qualidade nos jogos. Essa tecnologia de CD-Rom foi mais tarde aprimorada no TurboDuo.

A Biblioteca de Jogos do TurboGrafx-16

Uma das razões pelas quais o TurboGrafx-16 ganhou uma base de fãs dedicada foi a sua impressionante biblioteca de jogos. Apesar de ter sido superado em vendas pela Nintendo e Sega, o TurboGrafx-16 apresentava uma coleção diversificada de títulos de alta qualidade. Alguns dos jogos mais notáveis incluíam:

  1. Bonk’s Adventure: Este jogo de plataforma protagonizado pelo personagem Bonk se tornou o mascote não oficial do TurboGrafx-16 e cativou os jogadores com sua jogabilidade única e personagem carismático.
  2. Castlevania: Rondo of Blood: Uma das entradas mais aclamadas da série Castlevania, que impressionou os fãs com gráficos e jogabilidade de alto nível.
  3. Ys Book I & II: Um RPG épico que demonstrou o potencial dos jogos em CD com sua trilha sonora orquestral e narrativa envolvente.
  4. Blazing Lazers: Um shooter espacial de grande sucesso que exibia a capacidade do console de gerar gráficos impressionantes e ação frenética.
  5. Splatterhouse: Um jogo de ação e horror que se destacava por sua atmosfera sombria e intensa violência.

Esses são apenas alguns exemplos da vasta biblioteca de jogos do TurboGrafx-16, que abrangia gêneros variados e oferecia experiências de jogo únicas.

O Sucesso Internacional do TurboGrafx-16

Enquanto o TurboGrafx-16 enfrentava forte concorrência nos Estados Unidos e no Japão, o console ganhou um sucesso notável em outras partes do mundo. No Reino Unido e na França, por exemplo, o TurboGrafx-16 encontrou uma base de fãs apaixonada e teve um desempenho melhor do que em alguns outros mercados.

Uma das razões para o sucesso internacional foi a capacidade do console de reproduzir jogos em PAL-M, o que significava que ele poderia ser utilizado em sistemas de TV europeus. Além disso, os títulos de importação japonesa, conhecidos como “PC Engine,” eram muito populares entre os jogadores europeus.

Então, por que o TurboGrafx-16 não chegou ao Brasil, um país que demonstrou um grande interesse por videogames na época?

Os Motivos por Trás da Ausência no Brasil

A ausência do TurboGrafx-16 no Brasil pode ser atribuída a uma combinação de fatores econômicos e estratégicos:

  1. Custo de Importação: Na década de 1980, o Brasil enfrentava altos custos de importação de eletrônicos devido às políticas protecionistas. Isso tornava os consoles estrangeiros, como o TurboGrafx-16, muito mais caros para os consumidores brasileiros em comparação com os consoles fabricados localmente.
  2. Mercado Dominado por Outras Marcas: Na época do lançamento do TurboGrafx-16, o mercado brasileiro de videogames já estava consolidado, com a presença dominante de marcas como Nintendo, Sega e Atari. Entrar nesse mercado competitivo seria um desafio para qualquer novo concorrente.
  3. Consoles Piratas: Além dos consoles oficiais, o Brasil também viu uma proliferação de consoles piratas e clones de videogame, que eram mais acessíveis para a maioria dos consumidores. Esses dispositivos ofereciam uma alternativa mais econômica para os jogadores brasileiros.
  4. Foco em Outras Regiões: A NEC Home Electronics concentrou seus esforços em mercados onde o TurboGrafx-16 estava obtendo sucesso, como os Estados Unidos e partes da Europa. Isso significava que o Brasil não estava no centro de sua estratégia de expansão.
  5. Barreiras Regulatórias: Além dos custos de importação, as barreiras regulatórias e tributárias também dificultavam a entrada de novos consoles no mercado brasileiro.

O Legado do TurboGrafx-16

Embora o TurboGrafx-16 nunca tenha chegado oficialmente ao Brasil, ele deixou um legado duradouro na indústria de videogames. Sua tecnologia inovadora, biblioteca de jogos de qualidade e aventureiro espírito empreendedor o tornaram um marco na história dos consoles.

Hoje, o TurboGrafx-16 é lembrado com carinho por colecionadores e entusiastas de videogames retrô. Muitos de seus jogos clássicos ainda são valorizados e apreciados por jogadores que buscam experiências autênticas dos anos 80 e 90.

Em 2020, a Konami, que adquiriu os direitos da Hudson Soft, lançou o TurboGrafx-16 Mini, uma versão em miniatura do console clássico, com uma seleção de jogos incorporados. Isso trouxe uma nova onda de atenção para o legado do TurboGrafx-16 e permitiu que uma nova geração de jogadores experimentasse seus títulos lendários.

Em resumo, o TurboGrafx-16 pode não ter encontrado seu caminho para o Brasil devido a uma série de desafios econômicos e competitivos, mas seu impacto na indústria de videogames permanece significativo. É um lembrete de uma era em que os consoles eram pioneiros e inovadores, mesmo que não tenham conquistado todos os mercados do mundo. Para muitos, o TurboGrafx-16 sempre será um tesouro escondido na história dos videogames.

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