Se você viveu a era de ouro dos FPS dos anos 90, sabe que alguns nomes ecoam até hoje com respeito quase sagrado: Heretic e Hexen. Esses dois clássicos, nascidos do mesmo caldeirão criativo que deu ao mundo DOOM, voltaram oficialmente em uma reedição caprichada feita pela Bethesda em parceria com a Nightdive Studios. E não estamos falando apenas de um simples relançamento digital — essa nova versão vem recheada de melhorias técnicas, novos conteúdos e recursos que fazem brilhar os olhos de veteranos e novatos.
Prepare-se para revisitar o mundo sombrio e gótico desses FPS lendários, agora com suporte para 4K, 120FPS, crossplay, partidas online massivas e até dois episódios inéditos que expandem ainda mais o universo desses jogos. Mas antes de entrar nos detalhes do que mudou, vamos dar um passo atrás e lembrar por que Heretic e Hexen foram tão importantes.
O legado de Heretic: magia e tiroteio no estilo DOOM
Lançado em 1994 pela Raven Software, com a poderosa engine de DOOM licenciada pela id Software, Heretic pegou o que já era incrível no FPS pioneiro e adicionou uma camada de magia, fantasia sombria e ambientação medieval. Ao invés de fuzis e escopetas, o jogador empunhava varinhas, cajados e artefatos arcanos. As armas não apenas atiravam — elas conjuravam feitiços e explosões místicas que enchiam a tela de cor e destruição.
O jogo foi um marco por introduzir mecânicas novas para a época, como a possibilidade de olhar para cima e para baixo — algo que nem o DOOM original fazia. Também trouxe o Tome of Power, um artefato que transformava temporariamente as armas em versões ainda mais poderosas. Quem viveu sabe: ativar esse item e disparar projéteis devastadores era pura adrenalina.
Hexen: um passo além no mundo sombrio
Um ano depois, em 1995, a Raven Software voltou com Hexen: Beyond Heretic, expandindo o universo e a jogabilidade. Aqui, não havia apenas um personagem jogável: o jogador podia escolher entre três classes distintas — o Fighter, o Cleric e o Mage — cada uma com seu estilo de combate, armas e habilidades.
Hexen foi ainda mais ambicioso no design. Seus mapas eram interconectados, com um sistema de hubs que exigia voltar a áreas anteriores para resolver puzzles e desbloquear novas passagens. Isso tornava a experiência mais complexa e imersiva, misturando ação frenética com elementos de exploração e quebra-cabeça.
Era um jogo mais sombrio, mais brutal e, ao mesmo tempo, mais cerebral. Muitos jogadores lembram até hoje da trilha sonora sinistra, dos monstros grotescos e da atmosfera que parecia saída de um pesadelo medieval.
A nova reedição: 4K, 120FPS e muito mais
Avançando quase 30 anos no tempo, chegamos a 2025 e temos nas mãos a reedição oficial de Heretic e Hexen, fruto da colaboração entre a Bethesda e a Nightdive Studios, especialistas em restaurar clássicos sem perder sua essência.
A primeira boa notícia: a performance foi turbinada. Agora, os jogos rodam em 4K e 120FPS, com renderização mais eficiente e suporte total a monitores widescreen. Isso significa que a fluidez e a nitidez da imagem estão em um nível que os PCs e consoles dos anos 90 jamais sonhariam. Porém, vale avisar: as texturas originais foram mantidas, sem retoques HD. Essa decisão preserva o visual pixelado característico, mas pode frustrar quem esperava gráficos modernizados.
Essa edição não se limita a ser um “pacote nostálgico”. Ela vem com todos os conteúdos lançados oficialmente, incluindo expansões e mapas adicionais. E, para surpresa geral, há dois episódios totalmente inéditos criados especialmente para esta versão. No total, são 117 mapas de campanha e 120 mapas para deathmatch.
Para os fãs de exploração, essa é uma mina de ouro. E para os que preferem a pancadaria online, o suporte multiplayer foi muito além do que se poderia esperar.
Multiplayer: 16 jogadores online e até 8 na mesma tela
Na época de lançamento original, partidas multiplayer dependiam de conexões via modem ou redes locais, e reunir mais de quatro jogadores já era uma façanha. Hoje, essa reedição suporta até 16 jogadores online em modo deathmatch ou co-op, com crossplay entre plataformas diferentes. Mais incrível ainda: há suporte para split-screen com até 8 jogadores no mesmo sistema, algo quase impensável em tempos de FPS modernos.
Recursos de acessibilidade e extras para fãs
Os desenvolvedores não se esqueceram da comunidade. Foram incluídas opções de interface mais clara, melhor contraste de tela, ajustes de efeitos visuais e até suporte a leitura de texto por voz. E para quem gosta de mergulhar nos bastidores, há o Vault, uma galeria com artes conceituais, sprites nunca usados e curiosidades sobre a produção.
Outro mimo é a presença de uma trilha sonora remasterizada do Tome of Power, feita pelo compositor Andrew Hulshult, que pode ser ativada ou desativada a gosto do jogador.
Mods e personalização
Em tempos modernos, não poderia faltar o suporte à comunidade de modding. Agora é possível navegar e instalar mods diretamente pelo jogo, graças a um navegador interno de mods. Isso abre portas para campanhas personalizadas, novos inimigos, armas inéditas e até recriações de outros jogos dentro da engine de Heretic e Hexen.
A cereja do bolo: atualização gratuita para quem já possui
Eis a notícia que vai alegrar qualquer fã de longa data: se você já tinha comprado Heretic e Hexen nas versões anteriores, seja no PC ou em plataformas digitais, essa nova edição será totalmente gratuita. Basta atualizar para ter acesso a todas as melhorias, novos episódios e modos de jogo.
Por que isso importa?
Num momento em que muitos remakes mudam radicalmente a essência dos clássicos, essa reedição de Heretic e Hexen consegue equilibrar modernização e preservação. Mantém o visual original, mas entrega fluidez e compatibilidade total com hardware moderno. Acrescenta novos conteúdos sem apagar o charme da experiência dos anos 90.
Para quem viveu aquela época, é a chance perfeita de reviver memórias. Para quem nunca jogou, é a oportunidade de conhecer dois dos FPS mais criativos e ousados já feitos.
E no fim, é impossível não sorrir ao imaginar: se nos anos 90 alguém tivesse dito que um dia jogaríamos Heretic e Hexen em 4K e 120FPS, com 16 pessoas online ao mesmo tempo, ninguém teria acreditado.
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